Eita que as águas deste rio
está agitada e o vento sopra ingrato bagunçando meus cabelos. Sinto falta de
escrever, mas meus textos morrem nas pontas dos dedos – talvez medo do retorno
ou da vazão de sentimentos que tanto bloqueei a saída, como compotas reservadas
para dias secos.
Não dá mais para manter o
meu universo paralelo, preciso voltar já que caminhei sem rumo por diversas
estradas. Mas seria o mais sensato? Nem sei.
O amor definhou.
A vida mudou.
Me cansei de tudo um pouco e
das pessoas boa parte.
Estranhamente segui a vida.
Amadureci um bocado com meus vales e paraísos. Um contraste permanente e necessário.
Havia mais sentimentos
quando escrevia. Compaixão, dor e revolta. Alegria, sorrisos e felicidade instantânea.
Hoje as palavras estão lá, jogadinhas em um canto íntimo, tentando me seduzir
com a melhor das hipóteses. Resisto, mas hoje quis me embriagar delas até cair.
Hic!
Vamos lá. Como todo bêbado,
hoje quero chorar as pitangas.
Sufoquei um amor com o
travesseiro mais próximo, ele dormia lindamente aqui dentro do peito, em coma,
intocável, ilegível... terminei logo com isso. Caminhei dias sob forte chuva, ao
relento, afinal tudo que menos queria era voltar para dentro de mim.
Então as coisas começaram a
dar certo. Sonhos se concretizando, estabilidade. Dias de glória... Ufa, um
brinde pra mim.
A lua estava linda e eu
estava sentada observando-a. Então ele veio, sentou-se ao meu lado... dali em
diante, minha vida não era mais minha. Meus sonhos já não existiam, meus
pesadelos iniciaram em todas as noites. Dias quentes. Noites frias. Senti medo,
arrepio, um colapso de emoções que sinceramente de tão forte, derrubaram meus
muros de “Berlim”. Do ápice a queda livre. Fui refém da ilusão de ser feliz.
- Ei? Eu estava morrendo...
estavam me matando, mas o grito não saia.
E como perder a identidade
eu revirei as gavetas para reencontrá-la. Me abati, fui além do querer,
incorporei meus limites e as tormentas pisei deliberadamente por cima. Era o único
jeito, minha única saída. “Fiquei livre”.
Mas sem tudo aquilo que
havia de melhor, afinal eu fui furtada pelo destino e por minhas próprias
escolhas. Não há certo se tudo começa errado. Não há satisfação por trás de
vidros que vão ao chão por nada. Tem que se ter bases sólidas, para que o
castelo não desabe.
É, as coisas deram erradas e
daí?
Mas sobrevivi, feito um
lindo gato com a ilusão de suas sete vidas.
E meu caro tempo, vem me
alimentando e me embriagando de vez em quando, eu sei bem disso! Mas ele sabe o
que é o melhor pra mim.
Hoje é nele que deposito
minhas esperanças de dias melhores.
É na natureza que encontro
minha paz. Molhando os pés que renovo as energias boas.
Afinal, somos como pilhas recarregáveis.
Quando estamos fracos, prestes a entregar os pontos, nos renovamos com a
energia que vem dos céus. Pura e imaculada feita por Deus. Somos novas mais uma
vez.
E então, revivi-se. E ontem é
apenas uma cartilha do passado que terminamos perfeitamente e do jeito que
tinha que ser.
#nada.é.por.acaso
by JanNa
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