Estranhamente temos ou sentimos a necessidade de estar em
constante limpeza interior. Ontem o que era bom, hoje já não satisfaz. O que
agora te faz sorrir, amanhã será só uma lembrança. Crises são crises. E as
existenciais são um estrondo na mente. É um pensar sem parar, uma angustia uma
falta de resposta e não aceitação do que se vive.
É um olhar para dentro e não saber o que realmente importa.
Como se estivesse dentro de um quebra-cabeça gigante e ter plena certeza que
nenhuma peça irá se encaixar. Existo por quê?
Há os que virão com belos conselhos contra o seu vazio. Os
que te apresentarão a religiosidade, os que simplesmente te dirão para parar de
frescuras e seguir. Nada disso é válido quando você mesmo não quer enxergar não
é mesmo?
Sei bem. Nesses momentos, o que alivia mesmo é o silêncio. É
se trancar em um quarto escuro, fechar os olhos e se imaginar parte dessa
escuridão. É permitir que as lágrimas escorram e que seu corpo se esgote tanto
a ponto de não senti-lo vivo.
Uma estratégica do subconsciente que não falha nunca, afinal
a tristeza se torna tão pesada que adormecemos como se tivéssemos mortos. Então
a busca pela existência se torna vaga e acabamos depressivos. Duas bebidas
perigosas, mas que com certeza a maioria deve ter se embriagado vez ou outra.
Não existe felicidade permanente. Existe felicidade
momentânea. É como dirigir um carro, você torce para que no trajeto não exista
danos, mas sabe muito bem dos riscos ao dar partida. Não depende de a gente prever o que
acontecerá no caminho, mas temos que estar dispostos a vivenciar as
eventualidades.
Assim acontece nas crises interiores. Você é o condutor, o que
difere não são os caminhos felizes ou tristes percorridos e sim como você passa
por eles.
Nas crises, o cansaço é grande. A vontade de desistir é
iminente quase sempre. Mas o jeito é reagir. Travar uma luta interior, mesmo
que não esteja mais com munições ou condições físicas para tal.
Acredite de um jeito
ou outro, surge uma nova força.
Já conheci casos onde a crise foi mais forte... arrastou
pessoas para a morte plena, o suicídio. Aliviaram suas dores físicas e
aumentaram suas dores espirituais, que deve ser com certeza, piores que
qualquer vazio íntimo.
Prefiro optar pela felicidade momentânea. Pode ser que eu
não tenha um grande amor. Pode ser que não tenha o emprego dos sonhos. Pode ser
que o mundo não me suporte e que não possua os melhores amigos. Pode ser que eu
tenha mil e uma decepções. E que os passos sejam sempre mecânicos... Ainda
assim, acho melhor tranca-me num quarto e sentir o coração pulsando. Apenas eu
e ele. Únicos.
Porque quando saímos pra fora de nós mesmos e nossos olhos
se acostumam com a luz, sentimos o vento bater suave no rosto... Vemos o céu
azul de um jeito diferente... Respiramos
como se fosse a primeira vez e então de uma maneira inexplicável, percebemos
que estamos diante da cura... pois teremos sempre, outra chance!
by JanNa
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