Leiam...
Um certo dia, de tão monótono que estava seu dia e sua vida, levantou-se daquele pobre sofá caindo aos pedaços, vestiu aquela camiseta surrada e que dirá sua calça jeans preferida, procurou entre a bagunça sua carteira e achando as chaves do velho carro, saiu.
Na cabeça um único pensamento... uma certa vontade de encontrar aquela mulher que lhe roubasse o sossego, chegou a invejar até mesmo os amigos e suas esposas grudentas, ciumentas e lunáticas. Queria algo, mesmo que fosse ruim. O importante mesmo era ter.
Mas onde procurar? Que horas procurar? E como procurar?
Estava cansando – coitado – dessa vida mesquinha onde sua fiel companhia era a latinha de cerveja vazia jogada em qualquer canto da casa, seus chinelos gastos e sua vida solitária.
Na casa não havia ordem... mas mesmo assim, acostumou-se a ver tudo no lugar mesmo não estando, afinal pra que organizar?
Não havia vasos de violetas nas janelas... e muito menos lençóis metricamente esticados...
Nem mesmo no banheiro havia qualquer sinal aparente de feminilidade... era o lar dos sonhos de um homem solteiro... mas ainda assim, descobriu-se que ali lhe faltava algo...
A cada rua, andava devagar e os pensamentos longes... a cada rosto encarado uma nova decepção...
Não, não é essa! Nem essa e muito menos aquela!
Algumas sorriam, outras viravam a cara...
Muitas delas chamavam sua atenção, mas por fim mais eram apenas peitos e bundas e cabelos esticados com sei lá oquê... As demais, o instinto masculino nem se quer o permitia olhar, eram tão estranhas, feias e desengonçadas que se recusava a admirar.
As horas o estavam atropelando, a noite vinha com força para atormentar. Resolveu voltar.
Cabisbaixo, seu corpo refletia seu total desanimo...
Na mente a certeza... Princesas não existem!
Adentrou seu recinto, olhou para a escuridão e desejou que uma luz surgisse de algum lugar para iluminar seus pensamentos e tudo aquilo. Mas nada aconteceu.
Jogou-se novamente a seu velho e remendado sofá... ligou a TV... e se manteve imóvel por longas e tortuosas horas...
Ao que me parece, ele ainda continua por lá.
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Hoje ao invés de falar de mim, fiz essa historinha para que possamos refletir juntos. Há os que dizem ao contrário, mas acho que todas as pessoas acabam errando tentando encontrar aquela pessoa perfeita. Aquela que vai modificar a vida em um segundo, que a simples presença vai lhe render tremedeiras e o tão famoso ‘friozinho na barriga’ e trazer a tona emoções e sentimentos adormecidos.
Sim... há vários príncipes e princesas por aí. Acredito nisso!
Mas não são como nos contos de fadas, são absolutamente ‘normais’. Como eu e você.
São exageradamente cheios de defeitos, falantes e errantes e muito menos, estão a todo o momento vestidos solenemente e imunes a derrapões grotescos.
Pode ter a certeza que aos olhos alheios, serão sempre inferiores a você (ou mais feios, mais magros ou gordos, sem grana, sem experiências, sem suas qualidades, sem sua paciência, sem seus modos, sem delicadeza, sem humor, sem cultura, sem tudo o mais que você e os outros julgam ser o melhor)...
Mas para seu coração – este ser irremediavelmente cego – essa pessoa pode ser tudo isso, mas para ele será sempre a pessoa especial que ele te escolheu, com brinde ou sem brinde.
Se serão felizes, dependem exclusivamente do tempo para saber.
Se vai demorar ou se já encontrou... você também precisará do tempo exato para compreender.
Às vezes ele (ela) está aí, tão perto do seu coração... Mas tão distante de você.
Pensem bem! E não voltem para casa sem ânimo...
Continue a procurar... Mesmo que isso leve uma vida inteira...
(by Jana)
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