Como vagões desgovernados levamos a vida. Um corre-corre diário que nos rouba as melhores cenas do dia e ultimamente minha semana vem sendo dessa forma. Subitamente acordo e quando menos espero estou retornando para casa, deixando para trás a velha mania de admirar pessoas e coisas (nem isso mais ando tendo tempo).
Perco-me contando as balas coloridas que venho me obrigando a deliciar quando a ansiedade me devora. As toxinas do meu velho camarada andam me deixando atordoada e a cada dia resolvo (sem muito sucesso) deixá-lo de lado... Confesso que um dia é de sucesso e outro de fracasso total, mas não há muitas chances em se vencer o próprio propósito. Ando na verdade fazendo ‘esforços’ mais por questões de fé do que vontade própria.
Mas acabo mesmo, tragada pela ansiedade (tristezas, alegrias e seus derivados) pelo velho hábito... o qual me deixa mais calma quando estou com ‘ele’... meu velho e companheiro... altamente cancerígeno e degradante da minha saúde.
Não, não! Isso não é apologia, incitação ou coisa do tipo. É apenas um desabafo de uma viciada (eita palavrinha horrenda) em nicotina, a qual em um dia se liberta e no outro se rende.
Costumo falar que abandonar um vício seja lá qual for, é de fato fácil para os incentivadores, mas para o beneficiário das boas palavras não é nada tão impactante assim. Somos meros seres indisciplinados, mas com a boa vontade (escondida, mas latente).
É aquela coisa... sei dos riscos, sei dos males... odeio quando torcem o beiço ao olharem meu amigo ao meu lado, odeio quando ele me rouba o cheiro natural, quando absorve meu perfume preferido e me deixa paranóica com sua ausência.
Quando fico limpa (acho esse o termo mais correto), fico torcendo para que o mundo não desabe sobre minha cabeça... Poxa, eu havia parado uma semana e estava me reeducando, mas bastou uma breve ligação para que tudo fosse para os ares. Não que eu deposite a culpa em algo, mas a abstinência da nicotina misturada com fortes emoções, nunca foram fatores associados. Nunca devem vir juntos e assim balancei... e lá estava a fumacinha me curando das coisas que julgo não ser capaz de absorver. Eita mundo ilusório!
Na real (e isso se encaixa a todas as pessoas), nunca o final de um relacionamento é totalmente beneficiário – e não estou falando apenas de casos amorosos. Sempre uma das partes vai sair com um prejuízo maior, sempre um vai sofrer mais. É como abandonar um amor mesmo, tendo em mente o quanto ele te faz bem ou te deixa feliz (mesmo que momentaneamente). Ninguém aceita esse tipo de coisa tão facilmente e o elemento surpresa chama-se ‘superação’. Mas isso só se aproxima de nós através de um aditivo chamado ‘tempo’.
Então...
Preciso de tempo para perder velhos hábitos, preciso de tempo para esquecer, superar e deixar que as coisas fluem de maneira mais completa. Preciso de tempo para inserir na mente a falta D.
Preciso de tempo para ser melhor comigo, com as pessoas. Preciso de tempo para amar de novo, preciso de tempo para acreditar de verdade.
Preciso de tempo para andar nos trilhos e diminuir a velocidade desse trem. Preciso de tempo para descobrir que sou bem mais forte do que aquilo que acho que ainda abala meu ser... preciso de tempo para descobrir a felicidade diariamente...
Preciso de tempo para acalmar meu ser e descobrir que erro mais pelo cansaço do que por querer...
(by Jana)
P.s.; sei que está pensando que não preciso de tempo para descobrir tanta coisa. Mas tente você a fazer tudo isso de uma vez... VOCE FATALMENTE DEPENDERÁ DO TEMPO até mesmo para pensar em tudo que escrevi e se decidir...
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