quarta-feira, 27 de agosto de 2008 17:14h
Realmente a cultura de uma pessoa não se resume apenas em ler bons livros, tem que se atualizar. Saber oque se fala e como fala. A prática requer atenção e simplicidade para não sair da linha e acabar ridicularizado por sua façanha. Sempre fui sincera em dizer que um homem culto me atrai. Se ele for misterioso, calmo e calado, vixi perco as estribeiras (mas nada de dar na vista, tudo discretamente admirado).
Hoje em dia é praticamente raro ver alguém com um livro a tira a colo (seja no ônibus, em um banco qualquer ou naquela hora gostosa do almoço). Esses dias até assustei. Era domingão (eu vinha do trabalho, mais cansada por perder meu domingo trancada nesse marasmo, do que com o trabalho em si). Nem acreditei quando cheguei ao ponto de ônibus e lá estava o microônibus me aguardando... Não pensei duas vezes para jogar o cigarro (que acabará de acender, já imaginando as horas de espera do tal ônibus) e passar a roleta. Sentei-me no fundo. Dois minutos depois, entra um homem (talvez beirando minha idade). Lindo (alto, forte, moreno, olhos claros e com um perfume digno de um Deus)... poxa, para minha fraqueza sentou-se ao meu lado e em seguida retirou de sua mochila um livro volumoso (mas infelizmente minha curiosidade não pode ser sanada e acabei desistindo de tentar ver o título ou do que se tratava – ah, só por curiosidade).
Sempre tive o hábito de observar o semelhante em si. Posso estar à toa, mas reparo cada gesto, cada movimento (isso é como uma brincadeira, não há maldade nenhuma nisso) e assim fiz com o tal rapaz até o momento onde ele fechou aquele livro para seguir seu destino.
Cara, esse desconhecido nem imagina os pontos que teve comigo (ta certo, que entre uma página e outra ele talvez tenha notado minha admiração, pois houve um momento que olhou para mim e sorriu discretamente). Eu simplesmente retribuí o sorriso (como forma de desculpas, por tentar invadir seu mundo, sua intimidade).
Ele desceu. Foi embora e eu fiquei imaginando como iria postar essa minha indignação contra a não-leitura.
E pensar que descobri a leitura aos meus 12 anos e tive como foco nada menos que aquelas revistinhas de romances (do tipo Sabrina, Bianca). Ah, eu chorei muito com as histórias e em poucas horas devorava duas edições sem perceber. Acabei pegando gosto pela coisa e comecei a devorar tudo que via pela frente (até na Biblioteca municipal eu me enfiava, não a trabalho-escolar, mas sim por curiosidade). Graças à modernização, hoje posso me considerar uma internauta de porte. Mexo em tudo que é site, leio tudo que me prende a atenção. Sinto saudades de um velho livro. Da sua companhia fiel. Mas não o deixei por completo. Ainda encho o saco dos amigos para sempre me trazerem algo para ler e assim vou indo.
Como aquele homem no ônibus, com certeza, devo instigar a curiosidade alheia (pois não penso duas vezes em tirar meu livro da bolsa e dar-lhe espaço em minha vida). Pois não há nada mais gostoso do que se prender a uma historia fascinante totalmente fora da realidade... Enfim, a imaginação continua sendo prazerosa se usada positivamente.
BjoO
Jana
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