Sentinela
Porque me vigia tanto? Qual a razão de não permitir que meus passos sejam dados ou que eu procure um lugar ermo qualquer?
Essa sua decisão de manter-me presa aqui é desumana.
Não me cabe, não faz parte de mim.
Esqueceu-se que presa eu não posso nada, não vejo nada?
Ou esquiva-se da verdade ou da própria razão?
Sim... é um texto de perguntas... pois preciso entender.
As horas caminham sorrindo e só percebo com as variáveis do sol.
Ora quente, quente... ora fraco, opaco... como se estivesse morrendo num suspiro de agonia.
E a escuridão aproveita-se e vem com suas sombras me abraçar nesse vazio.
Não sabes você Sentinela, que sinto frio?
Que fico imóvel com medo que esse buraco imaginário me absorva sem dó?
Mas com os olhos ardendo me rendo...
Pois a exaustão é eminente... uma dona com forças escrupulosas até.
Quando me livro dela, percebo que já é dia e que você Sentinela continua no mesmo lugar.
Imponente, dona de si.
Mantêm-se sempre virada a de costas pra mim...
Por que? Pra quê?
Por acaso sentiria alguma coisa se olhasse para mim?
Será que teria o ímpeto de me salvar?
Ou teria coragem de me pegar no colo, só para que eu sinta seu calor...
Creio que tens luz, Ah... isso deve existir em algum lugar de você...
Fico aqui praguejando para que forças do universo te cansem, que o ar te falte, que caia no chão...
Juro, juro... não vou te ajudar!
E ao mesmo tempo, sei que não vai ser assim...
Terei sim a delicadeza de te abraçar.
É... Sentinela... talvez esteja no lugar errado e vigiando a pessoa certa.
Talvez eu mesma tenha te colocado aí...
Tentando me dissipar eu me prendi.
Será que essas paredes existem?
Será que o sol é tão ingrato e que a lua é tão inimiga assim?
Apenas sei que em dias sinuosos a saudade do que era, e do que será me invade.
O mundo volta a ser um marinhado de linhas coloridas,
todas presas em mim numa ilusão de ótica inquestionável.
Só eu sei o caminho de volta,
mas por hora, aproveitando que o sol está lá em cima...
É melhor ficar aqui...
Presa a você, Sentinela...
Que tem como maior responsabilidade... zelar por mim!
(...)
by Jana
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Obs.; Hoje falei entrelinhas, sei bem disso. Mas de certa forma tinha que expressar meu momento. Acordei com saudade de sei lá o quê. Uma sensação esquisita, uma obrigação em ser vigiada por meus próprios conceitos. Descobri recentemente um meio de tirar proveito dos minutos: “eu e minha mente” e por mais que ande calada, algo grita dento de mim.
São palavras fragmentadas, mas vivas. E o melhor disso tudo, é que eu as ouço nitidamente... e assim perco meu tempo dando-lhes formas, fazendo suas vontades.
Alias, de um certo tempo para cá, eu não quero deixar nada dentro de mim e sim colocar tudo pra fora... permitir que as velhas emoções voem sem rumo e manter uma “Sentinela” de plantão 24h para que elas não retornem.
Não quero me dividir em mágoas, em ressentimentos desnecessários.
O todo tem que ser um só. Uma coisa única. Um sentimento absoluto sem restrições ou exceções. Por enquanto me limito à faxina espiritual e a ficar bem comigo mesma. Uma meta discreta e bem trabalhada há dias... está aí a razão do ‘quase’ poema.
Um beijo
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